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sábado, 21 de abril de 2012

Seu olhar


Que mistério esconde esse teu olhar, a ponto de fascinar a cada vez que vejo como se fosse a primeira vez. Até hoje não vi mais encantador, nem ao menos parecido. Esse olhar capaz de penetrar no fundo do coração e destruir qualquer barreira, de apagar os pensamentos, de tornar desnecessárias as mais bonitas palavras. Basta olhar nos teus olhos pra me ver inteiro, sem máscaras, e me descobrir o mais frágil de todos. Logo eu, que sempre me julguei forte, uma pessoa capaz de sorrir quando o que mais queria era chorar. Esqueço tudo o que está a volta.

Esse brilho dos seus olhos tira de mim qualquer capacidade, e revela o quanto desejo ter esse olhar. Por mais que eu diga não, que eu fuja ou que eu tente me afastar, não há disfarce. Perdi minhas defesas, não sei se há um jeito de voltar atrás. Mesmo querendo, não posso lutar contra isso, porque quanto mais me preparo, mais me sinto invulnerável, parece que seu olhar brilha ainda mais, e volto ao zero. E a partir daí vou me fortalecer novamente, e esperar te ver de novo pra que caia tudo por terra.

Não adianta mais fugir, nem lutar, nem dizer mais nada. Todas as tentativas foram em vão. Desisti de lutar contra. Agora é esperar que exista algo que seja mais forte que esse olhar, algo como o tempo, porque dentro de mim não existe. Ou ser otimista, e um dia esse olhar possa ser meu. Aqui, sem razão alguma, sem saber o que o futuro nos reserva, só espero que nunca deixe de brilhar, pois esse brilho nos teus olhos, mesmo me deixando sem ações, me faz bem.

Texto do 

domingo, 15 de abril de 2012


“Hoje é mais um daqueles dias em que ligamos no piloto automático e deixamos as horas correrem. Hoje é mais um daqueles dias cheio de cinzas, em que engulo meu coração e deixo fazer a digestão dos meus sentimentos, quem sabe assim o que sinto seja fracionado em minúsculas partes e transportado pelo meu sangue, levando tudo então para meus poros e minha pele transpire e isso saia de mim. Mas trago comigo uma esperança: amanhã será um novo dia, melhor e colorido.”

domingo, 8 de abril de 2012

Tudo passa



Agora a chuva está caindo e eu só tenho uma folha pra poder escrever. A chuva bem a minha frente e seus relâmpagos e trovões se misturam a música que escuto enquanto a bateria do meu celular não acaba. é bem assim, a folha termina, a bateria acaba, a chuva passa... mas é bem fato que tudo se vai, tudo se transforma. na folha se guarda o que achamos importante que seja escrito ou lembrado e a chuva, ah, ela passa. Pode ate molhar sua roupa e estragar seu cabelo, cabe a você escolher se vai sorrir dessa situação ou ficar bravo por isso, mesmo sabendo que não vai adiantar nada. mas a chuva vai passar. é assim com os sentimentos, entram em seu coração, estraga seus planos, te pega desprevenido, mas passa. cabe a você escolher o que guardará disso. Boas lembranças ou não. mas sempre é o mesmo ciclo: inicio, meio e fim. Tudo passa.

quinta-feira, 5 de abril de 2012




Confesso que ando muito cansado, sabe? Mas um cansaço diferente… Um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada, de deixar as coisas acontecerem. Confesso que às vezes me dão umas crises de choro que parecem não parar, um medo e ao mesmo tempo uma certeza de tudo que quero ser, que quero fazer...

Confesso que você estava em todos esses meus planos, mas eu sinto que as coisas vão escorrendo entre meus dedos, se derramando, não me pertencendo. Estou realmente cansado. Cansado e cansado de ser mar agitado, de ser tempestade…quero ser mar calmo. Preciso de segurança, de amor, de compreensão, de atenção, de alguém que sente comigo e fale: “Calma, eu estou com você e vou te proteger! Nós vamos ser fortes juntos, juntos, juntos...”

Confesso que preciso de sorrisos, abraços, chocolates, bons filmes, paciência e coisas desse tipo. Confesso, confesso, confesso... Confesso que agora só espero você...

Caio F Abreu.

O amor chega em uma hora



O amor chega em uma hora e eu ainda não consegui comer, escolher a roupa, arrumar minha franja, decidir se já posso amar. O amor chega em uma hora e vai quebrar meu gesso mas eu não decidi se os ossos já estão bons o suficiente. Mas ele vai chegar com trinta martelos e eu vou estar esperando, forte e decidida, pra receber a porrada. E o ar que vai entrar. E mais dor. E o ar que vai entrar. E quem sabe então alguma felicidade, já que fui corajosa. Quem sabe a felicidade seja a harmonia entre a dor e o ar que entram pelos poros que temos coragem de abrir? E quem sabe só o amor seja o martelo possível?

Escrevo isso e choro. Porque quero tanto e não quero tanto. Porque se acabar morro. Porque se não acabar morro. Porque sempre levo um susto quando te vejo e me pergunto como é que fiquei todos esses anos sem te ver. Porque você me entedia e dai eu desvio o rosto um segundo e já não aguento de saudade. E descubro que não é tédio mas sim cansaço porque amar é uma maratona no sol e sem água. E ainda assim, é a única sombra e água fresca que existe. Mas e se no primeiro passo eu me quebrar inteira? E se eu forçar e acabar pra sempre sem conseguir andar de novo? Eu tenho medo que você seja um caminhão de luz que me esmague e me cegue na frente de todo mundo. Eu tenho medo de ser um saquinho frágil de bolinhas de gude e de você me abrir. E minhas bolhinhas correrem cada uma para um canto do mundo. E entrarem pelas valetas do universo. E eu nunca mais conseguir me juntar do jeito que sou agora. Eu tenho medo de você abrir o espartilho superficial que aperto todos os dias para me manter ereta, firme e irônica. Minha angústia particular que me faz parecer segura. Eu tenho medo de você melhorar minha vida de um jeito que eu nunca mais possa me ajeitar, confortável, em minhas reclamações. Eu tenho medo da minha cabeça rolar, dos meus braços se desprenderem, do meu estômago sair pelos olhos. Eu tenho medo de deixar de ser filha, de deixar de ser amiga, de deixar de ser menina, de deixar de ser estranha, de deixar de ser sozinha, de deixar de ser triste, de deixar de ser cínica. Eu tenho muito medo de deixar de ser.

Agora é menos de uma hora. Você vai chegar e automaticamente minha agenda de milhares de regras e horários e controles vai desaparecer. E eu vou ficar apavorada porque só o que eu tenho é o contorno mentiroso que eu dou para os meus dias. E você, porque me abraça e me dá outro desenho, é o vilão da minha vida programada. Você é o tufão de oxigênio que invade meu nariz mas, porque estou com tanto medo, mais parece falta de ar. Agora é menos de menos de uma hora. Preciso terminar esse texto. Mas eu tenho medo, sobretudo, de terminar esse texto. Sobre o que eu vou escrever se você for melhor do que esperar por você?

Tati Bernardi